EXPRESSÕES DA POBREZA URBANA NO BRASIL E NO MARANHÃO: a questão do esgotamento sanitário
A presente seção, Em Foco, do Boletim Periódico do Observatório Social e do Trabalho-Eixo Pobreza traz ao debate público a pobreza urbana no Brasil e sua expressão no Maranhão, apresentada com base em uma das suas faces mais perversas, a carência ou insuficiência de esgotamento sanitário. Trata-se do serviço com menor cobertura no Brasil entre os que compõem o campo do denominado saneamento básico (serviços e instalações que incluem também o abastecimento de água e o manejo de águas pluviais e de resíduos sólidos). A mais recente regulação nessa área é a Lei nº 14.026/2020 conhecida como “Novo Marco Legal de Saneamento Básico.
De acordo com pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas- (FGV, 2021)[1], em meio à pandemia do coronavírus, 23,3 milhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza (R$ 232,00 por mês) no Brasil; cerca de 11,2% da população, e a miséria subiu 33% nos últimos 4 anos. Foram 6,3 milhões de novos pobres[2] . E, segundo o IBGE (2020), a desigualdade monetária, continua a reproduzir o mesmo padrão histórico no país, sendo a Região Sul aquela com menor desigualdade de rendimentos (0,467, em 2019), em contraposição com a Região Nordeste (0,559). O Maranhão é o estado mais afetado, com 1(hum) em cada 5(cinco) residentes em situação de indigência, seguido de Acre (16,1%), Alagoas (15,0%), Amazonas (14,4%) e Piauí (14,0%).
Parte dessas pessoas que vive situação de pobreza e extrema pobreza, habita as periferias urbanas, sofrendo as diferentes expressões dos problemas em que se desdobram as tramas da cidade: poluição, caos dos transportes, descontrole do uso do solo urbano, mediado pela especulação imobiliária desenfreada, escassez ou indignidade de moradias, insegurança causada pela criminalidade e pela violência ilegal e legal, além da ausência ou insuficiência do fornecimento e tratamento do esgoto[3]
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[1] Pesquisa realizada por Marcelo Neri da FGV Social.
[2] Com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - PNAD Contínua 2012 a 2019.
[3] Telles (2010) denomina violência legal aquela relacionada ao nível de letalidade da polícia militar contra populações civis, a tortura nas prisões, entre outras formas.